Para além de quadras e presságios proféticos Nostradamus deixou, ainda, duas cartas: uma a seu filho Cesar e outra a Henrique (rei de França). Estas cartas, particularmente a 2ª, contêm também profecias, sendo uma espécie de resumo / alerta em relação a eventos futuros. Para quem se inicia na leitura das profecias de Nostradamus a primeira sensação é de desânimo e descrédito. As quadras são (quase) esotéricas e, por vezes, ininteligíveis. Para além disso, as quadras quase não têm menção a datas sendo, frequentemente, impossível associar a quadra que se lê a um período de tempo definido. Então porque razão há tanta gente a estudar e tentar interpretar e a acreditar nas profecias de Nostradamus? Na minha perspectiva o "crédito" concedido a Nostradamus advém de um acumular de pequenos detalhes presentes em várias (poucas) quadras. Por exemplo, estas quadras referentes (alegadamente) às perseguições efectuadas pela Inquisição aos astrónomos nos séculos XVI e XVII (tradução do livro de Jean Charles de Fontbrune):
Centúria IV, quadra 18: Dos mais letrados sob os feitos celestes / Serão por príncipes ignorantes reprovados / Punidos de Édito, expulsos como celerados / E mortos lá onde serão encontrados.
Centúria VIII, quadra 71: Crescerá o número tão grande dos Astrónomos / Expulsos, banidos e livros censurados: o ano mil seiscentos e sete por sagrado glomo / Que nenhum aos sagrados estará seguro.
domingo, 24 de outubro de 2010
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Autores que descredibilizam as profecias de Nostradamus
Um dos autores de livros sobre Nostradamus aparentemente "manhosos" é o alemão Kurt Allgeier. Adquiri um livro em castelhano (edição de 1999) designado por "Las nuevas profecias de Nostradamus hasta el ano 2033" deste autor. Nas primeiras páginas do livro o autor tenta uma interpretação da quadra referida no anterior post. De acordo com este autor, afinal o mês 7 não é Julho mas sim Agosto e portanto Nostradamus referia-se a um eclipse que terá ocorrido em 11 de Agosto de 1999 que marcaria o nascimento de um novo "rei" francês importante no futuro da humanidade. Efectivamente, poderá ser possível que Nostradamus ao referir o mês 7 não se estivesse a referir a Julho (actual mês 7 desde 1582) mas sim a Setembro (durante a vida do profeta o ano iniciava-se em Março) e nunca a Agosto. No mesmo livro é referido que na Centúria IV, quadra 16 existe uma referência explícita a Franco (general Franco que governou em Espanha após a guerra civil de 1936 a 1939) e a Rivera (nacionalista espanhol fuzilado em 1936). Muito errado! Existe realmente na Centúria IX, Quadra 16 uma quadra que poderá eventualmente ser interpretada como associada a Franco: "De castel franco sairá a assembleia, O embaixador não agradando fará scismo, Os de Ribeira serão na confusão, E ao grande abismo negarão a entrada" (tradução de livro de Jean Charles de Fontbrune).
Erros de interpretação descredibilizam as profecias de Nostradamus
Ao longo dos últimos anos foram editados inúmeros livros com as quadras proféticas de Nostradamus e correspondentes interpretações. O 1º livro que comprei, sobre Nostradamus foi editado em 1980, chamava-se "Nostradamus Historiador e Profeta - as profecias de 1555 ao ano 2000" e o seu autor era Jean Charles de Fontbrune (filho de Fontbrune que escreveu vários livros sobre as profecias de Nostradamus nos anos 30 e 40 do séc. XX). Apesar de considerado um dos estudiosos mais competentes de Nostradamus, Jean Charles de Fontbrune foi "obrigado" a editar vários livros de interpretações, posteriormente, alargando o período de abrangência das profecias (por exemplo, do mesmo autor "Nostradamus, profecias até ao ano 2025"). Tudo porque este autor interpretou quase literalmente uma das quadras mais famosas de Nostradamus - Centúria X/Quadra 72 - "No ano 1999 sete meses, do céu virá um grande Rei de atemorizar, Ressuscitar o grande Rei de Angoulmois, Antes depois Marte reinar por felicidade" (tradução do livro acima referido). Na edição de 1980, portanto cerca de 20 anos antes de 1999, o autor interpreta esta quadra como sendo o anúncio do início da 3ª Guerra Mundial. Após 1999, esta quadra tem vindo a ser interpretada de diversas formas pelos diferentes autores procurando ajustar acontecimentos ocorridos nesta data à quadra referida.
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